Líderes questionam precariedade das contas da Prefeitura de Cascavel
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013De cidade com uma das melhores gestões públicas do Estado do Paraná, Cascavel transformou-se em um município com graves problemas fiscais, sem dinheiro para bancar horas extras nem mesmo para manter todos os postos de saúde na cidade de Cascavel abertos durante o dia.
Na quarta-feira passada foi anunciado um pacote de medidas para contenção de gastos que envolveu o fechamento de 23 UBS (Unidades Básicas de Saúde) no período da tarde; falta de funcionamento de novos Cmeis e da UPA pelo impedimento de convocar aprovados em concursos; corte de horas extras; redução em 50% no salário do prefeito, do vice e dos secretários e outros.
O mistério que permeia a crise sem precedentes na situação financeira de Cascavel é alimentado pelo discurso do prefeito Edgar Bueno (PDT) durante a campanha eleitoral. Um dos carros-chefes da campanha pedetista foi o da maturidade administrativa, de que as contas estavam em dia e que Cascavel estava pronta apenas para ser conduzida ao progresso.
A pergunta que cidadãos, ex-prefeitos, deputados e líderes sindicais fazem é: se a prefeitura estava tão bem, o que aconteceu com Cascavel de outubro até agora?
Coordenador do Fórum Sindical, Laerson de Matias, é um dos que apostam em uma maquiagem nas contas públicas com objetivos eleitorais. “Fomos todos pegos de surpresa. Achávamos que a cidade estava em boas condições financeiras. O candidato se apresentou à reeleição como bom gestor e fomos surpreendidos com essa crise que ele escondeu tão bem a ponto de ser agraciado com mais um mandato”, afirmou.
Para Laerson, excesso de gastos com a folha de pagamento e a baixa na arrecadação, apresentados pelo prefeito como razões do colapso, não convencem. O deputado estadual Professor Lemos (PT), como oponente do prefeito na última eleição, também ficou surpreso com as medidas que destoam de todas as promessas eleitorais apresentadas.
“Essas coisas não mudam de uma hora para outra. Ele conhecia o orçamento e a redução de receita dos últimos meses. Não há como ter uma surpresa no orçamento nem na receita. Tem algo estranho”, frisou o petista.
As razões para mudança brusca no cenário que foi desenhado há três meses também não convenceram o parlamentar, que pedirá uma análise aprofundada do que ocorreu com as contas da prefeitura.
Lísias também enfrentou problema
O alerta emitido TCE (Tribunal de Contas do Estado) por excesso de gastos com folha de pagamento não é novidade na Prefeitura de Cascavel. O ex-prefeito Lísias Tomé (PSDC) já teve de estabilizar as contas pela aproximação da folha com o limite prudencial.
Ele conta que isso ocorreu no meio de seu mandato e que medidas de contenção de despesas também foram necessárias. O médico evita comparações com a crise atual, mas afirma que, para se adequar, reduzir atendimento da saúde jamais foi cogitado. “Cortei meu salário, do vice e dos secretários. Sacrifiquei a minha equipe e não a população. Não precisei aumentar IPTU nem a tarifa do ônibus”, exemplificou.
Fonte: O Paraná