Feira agrícola incentiva jovens a desenvolver atividades no campo em Cascavel
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013O Show Rural, uma das maiores feiras agrícolas do país, que ocorre em Cascavel, no oeste do Estado do Paraná, também se preocupou com os jovens e montou um espaço com o objetivo de tentar mantê-los no campo. Os jovens interessados conhecem a história da agricultura, a situação atual da propriedade rural, qual o espaço do jovem para produzir e ter renda, que tipos de atividades desenvolverem e políticas públicas. A iniciativa é do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado Paraná (Fetaep) e a Associação Regional das Casas Familiares Rurais (Arcafar).
De acordo com o secretário de Juventude da Fetaepe Marcos Brambilha, muitos jovens perderam o interesse pelas atividades do campo porque os próprios pais não preparam os filhos para assumir as propriedades e também não aceitam as ideias inovadoras dos jovens. “A gente dá a dica, mostra as oportunidades, diz que tem alternativas para ele desenhar o projeto dele e optar por ficar. A intenção é que a maioria fique porque muitos vão buscar oportunidade fora porque não conseguem imaginar que na propriedade ele pode desenvolver um projeto que, talvez, ou certamente, é muito mais rentável do que uma atividade na cidade, dependendo da formação que ele tenha ou da atividade que ele vá desenvolver. Então, a gente mostra o quanto o campo é rico em oportunidades tanto de trabalho, de renda, e qualidade de vida”, explicou.
Mesmo formada em pedagogia e cursando o último ano de psicologia, a estudante Priscila Daiane Simoni, de 25 anos, retornou ao campo para morar com os pais e o irmão. “Eu não me adaptei e resolvi voltar. Todo mundo me cobra que eu tenho que voltar para a cidade, que eu tenho que ter um consultório, mas não quero isso”, assegurou.
Simoni também garantiu que gosta da vida tranquila do campo e nem passa pela cabeça um dia voltar à cidade. “A gente vai ter que começar a fazer o trajeto inverso. Em vez de sair do campo e ir para a cidade, vai ter de sair da cidade e ir para o campo. E foi isso que eu fiz. Saí da cidade e fui para o campo”,
Já o Leonardo José Caldireino, de 20 anos, precisou de um incentivo para poder continuar no campo. Segundo ele, quando o pai percebeu que já não tinha o que fazer no sítio, resolveu dar três alqueires de terra para o filho permanecer junto deles. “Para eu ficar no sítio e estar lá perto deles, ele me deu essa terra”, contou.
Com o presente do pai, Leonardo virou produtor de leite. Começou com apenas cinco vacas leiteiras e atualmente está com 20. “Eu estou tirando em média de 140 litros por dia de leite e com renda mensal de quase R$ 1.500 limpo”, acrescentou. Além das atividades no campo, Caldireino também cursa Educação Física que, segundo ele, serve apenas para ter um curso superior.
Por outro lado, a cidade ainda desperta o interesse pelos jovens agricultores. Odair Jacó Braun, de 22 anos, admite que já teve vontade de sair do campo e ir para a cidade, mas resolveu ficar após conseguir um pedaço de terra por meio de um programa do Governo Federal. Junto com o pai, ele começou a plantar hortaliças e garante que o negócio deu certo. “Plantação de hortaliças dá um retorno bom em pouca área de terra. Inclusive, os meus irmãos que moram na cidade pretendem voltar”, disse.
A estudante Emanoeli Bastos, de 19 anos, é de Tupãssi, no oeste do Paraná, sempre morou na cidade e foi à feira, pois gosta da área de agricultura. Segundo ela, o jovem tem ido ao evento na cidade de Cascavel porque há bastante movimento e coisas interessantes para ver. “Mesmo não gostando [os jovens] de agricultura, tem máquinas que os meninos gostam mais. As meninas gostam mais de flores. É bastante diversificado”, pontuou.
Fonte: G1